terça-feira, 3 de julho de 2012

Primeira publicação: 2007

Título original: The enigma of capital and the crises of capitalism

Prêmios:
Isaac Deustcher Memorial Prize (2010)












         Professor da City University of New York, David Harvey, em seu mais recente livro analisa a crise de 2008, que abalou o mundo, espalhando – se dos Estados Unidos e alcançando os demais países.  E esta crise mostra as falhas do sistema capitalista e a economia de livre – mercado.
A crise espalhou – se rapidamente por todo mundo, atingindo, em diferentes níveis, diversos países.  A busca constante por matéria – prima, mão – de – obra, crédito e mercado faz parte do sistema capitalista desde o período das cruzadas. Com o avanço da tecnologia, que aprimorou os meios de transporte e de comunicação, empresas e consumidores trocam mercadorias do Japão ao Brasil, da Inglaterra à África do Sul.  Para manter esse monopólio sobre as vendas, algumas regiões afirmam que seus produtos têm características especiais, por serem originados daquela região, tornando – a polo produtor. Além disso, as diferenças geográficas e climáticas e o desenvolvimento de determinadas áreas garante à elas a produção de produtos específicos. Algumas economias se tornaram tão dependentes das outras, que o impacto da crise foi devastador; enquanto que outras, por terem um mercado interno mais forte e independente, sentiram os efeitos em escala menor.
O capitalismo necessita de alguns insumos para que continue a atingir o seu principal objetivo, ou seja, ganho de lucros. Entre eles estão a mão – de – obra e a matéria prima. As empresas detentoras dos meios de produção regulam a oferta de empregos e o valor dos salários de acordo com a lei da oferta e da procura. Estabelecem suas unidades fabris aonde exista mais trabalhadores e contribuem para a manutenção da vida dos empregados, como infraestrutura e capacitação. A matéria prima, extraída da natureza é essencial para a continuidade da cadeia produtiva, mas encontra barreiras na escassez destes produtos, que por muitas vezes não são renováveis. O maior exemplo nesta questão é o petróleo, que movimenta diversos setores da economia e é cada vez mais raro.
O controle destas duas peças - chaves da produção podem gerar crises econômicas e até guerras. Seu controle está nas mãos das empresas que cada vez mais atuam sem a interferência do Estado, deixando que o mercado se auto – regule naturalmente, pela máxima da oferta e da procura.
A internet e as redes sociais aproximaram pessoas, os meios de transporte encurtaram distancias e doenças que ceifaram centenas de vidas no passado já encontram cura na medicina moderna. E o que levou a esse desenvolvimento e os novos meio de produção. À medida que o capitalismo evolui, na busca por matérias – primas, logística,consumidores entre outros, a tecnologia se aprimora e traz facilidades para a vida das pessoas. Durante os regimes socialistas, como o de Cuba, onde tudo pertence ao Estado e dele depende para o seu desenvolvimento, a estagnação dos meios de produção faz com que a sociedade se torne o que comumente chamamos de “atrasada”.  Se por um lado temos os meios de comunicação e transporte que viajam pelo mundo em alta velocidade, acompanhando a movimentação do capital, por outro, encontramos chuvas torrenciais, furacões, tsunamis, espécies ameaçadas de extinção e paisagens totalmente modificadas. Desde a extração desmedida das colônias, em busca de matéria – prima, o meio ambiente sofre as consequências do consumo. No entanto, com as novas tecnologias o homem conseguiu identificar os danos que causa.
Para que o capitalismo continue a existir, tudo aquilo que as empresas produzem deve ser transformado em capital, e permitir a acumulação de lucros. Uma das formas de fazer com que estes produtos sejam absorvidos pelo mercado, é fazer com que consumidores sintam a necessidade de possuí-lo. Outra alternativa, é aumentar o salário dos trabalhadores, para que assim possam consumir, ou ainda, enviar os excedentes a outros países, de maneira imperialista, como aconteceu antes da Primeira Guerra Mundial. No entanto, a grande saída apontada pelo autor é o reinvestimento do dinheiro para absorver a demanda produtiva. Através do credito e do investimento nos meios de produção, as corporações conseguem controlar a “demanda efetiva” de suas produções, e evitar a “crise do subconsumo”, ou seja, quando os produtos e serviços não se transformam em dinheiro, fazendo com que todo o capital investido em sua produção se perca.
Encontrar novos mercados, para absorver a produção, e novos locais para produzir, apesar de ser uma saída, é algo muito difícil de ocorrer, em uma economia tão sem fronteiras, como a que vivenciamos.  Para recuperação ainda contamos com o apoio do Estado, que está diretamente ligado à economia, e aos trabalhadores. Estes não conseguem, por muitas vezes, ver além daquilo que é dito pela mídia e acabam por, com seu esforço e sacrifício, recuperar todo o sistema, enquanto que os maiores culpados, como soberanos absolutitas – e assim, irresponsáveis- começam novamente o ciclo que gerou a crise.
A acumulação de capital atribui poder a quem detém o dinheiro. É um poder sem limites, que permite o controle da sociedade e do governo, ou seja, permite o controle do Estado. Esta acumulação ocorre devido ao fluxo de circulação do capital, e a velocidade desta circulação confere vantagens sobre os concorrentes. Junto com as inovações que surgem, somem as fronteiras e o capital transita cada vez mais rápido, não em um único lugar, mas por todo o mundo, o que facilita o envio de excedentes a outras partes do planeta. Apesar de existirem algumas medidas para impedir a acumulação excessiva de capital, os governantes se rendem ao poder e status que o dinheiro confere a quem o possui.
A crise que abalou o final da primeira década do século XXI teve origem nos Estados Unidos e rapidamente se espalhou pelo mundo. Mostrando os defeitos do sistema capitalista e como os especialistas não sabem o que fazer para solucionar os problemas por ela gerados, levou consigo o emprego de milhares de pessoas ao redor do mundo e precisou da ajuda do Estado para chegar ao fim.
Os bancos e demais setores afetados empurraram suas dividas para o setor publico. As dividas dos diversos governos só aumentou e cortes drásticos, promovidos pelas medidas de austeridade, levaram a queda do padrão de vida e a instabilidade política, como ocorre atualmente na Grécia.  No entanto, temos ainda famílias ricas que continuaram a lucrar, enquanto que outras centenas passavam por diversas dificuldades.
Os países emergentes, com as suas economias que se fortalecem gradativamente, notadamente Brasil, Índia e China, não sentiram fortes efeitos da crise. A China contribuiu para que os países dos quais importa também não sofressem durante esse período. Contudo, o acelerado crescimento chinês é preocupante, uma vez que não leva desenvolvimento ao povo e não se preocupa com os recursos naturais de seu território nem de seus parceiros.
Em tempos de crise, ficam mais perceptíveis as falhas da economia capitalista.  Inicia – se o debate sobre como os donos dos meios de produção, grandes empresas e bancos, e as diversas nações iram sair desta situação. Discute-se também quanto tempo o capitalismo vai sobreviver, e quantas mais coisas, pessoas e recursos naturais terão que ser sacrificados para a sua recuperação. Uma das alternativas é a adoção dos sistemas de esquerda, o socialismo e o comunismo. Ainda que fundados em princípios de bem-estar social e distribuição justa da riqueza, princípios que levariam a uma vida melhor dos cidadãos, a História mostra suas falhas e o seu colapso. A sua não aplicação também é fruto da maneira como grande parte da população é ensinada sobre estes modelos econômicos, como algo arcaico, maléfico comparado aos benefícios da economia de mercado.

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